Sentada na areia, e abraçada por uma certa melancolia, ela mantinha-se serena. Olhava, ainda o mar. Na sua mente, mil e muitos pensamentos pairavam. Uns de saudade, outros de arrependimento, tanto. Mas não se sentia confusa. Era coerente, apesar dos seus devaneios, apesar dos seus momentos débeis, apesar das suas grandes questões.
Sabia, e sabia bem, o que fazer. Andava há tanto tempo a divagar, sem nada fazer, embora soubesse o que era suposto fazer. Só que era difícil; e evita-se sempre o difícil. Contudo, ela iria tomar a decisão que evitou, ia colocar um ponto final na sua situação, que se agravava com o passar dos dias, dos meses, dos anos. Ela sentia-se sufocada, rodeada de elementos fantasmagóricos do passado, que ela própria criava na sua cabeça. “Hoje é o fim.” - Pensava.
Desorientado, o rapaz percorria tudo. Chegou, porém, e já exausto, à grande praia. Esta que estava irreconhecível, para quem só lá foi uma vez ou outra, e no Verão. Deserta, cinzenta, ventosa. Mesmo assim, um instinto o manteve naquele lugar. Continuou a sua procura, caminhando pelo passeio de madeira e contra o furioso vento.
Não perdia a esperança, sabia agora mais do que nunca que a ia encontrar.
Abriu o fecho da sua mala e retirou, com um cuidado excessivo e com muita pena, doze cartas. Foram escritas à mão por ela, durante o passar do tempo. Não eram as típicas cartas de amor que “elas” escrevem. Já nem existem cartas de amor! Ela tinha o coração ferido, era uma verdade, mas as cartas eram meros desabafos. Pousou as cartas na areia e apoiou a cara nos joelhos.
Enquanto ela lia as cartas, uma a uma, lentamente, sem deixar nenhum pormenor escapar, ele, por obra (talvez) dos deuses ou de um ser superior, percorria o caminho certo e cada vez mais se encontrava mais perto do seu almejado destino.
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